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TER OU NÃO TER, EIS A QUESTÃO!
2006 Em Ter ou não ter, eis a questão! Nilton Bonder nos leva a mais uma estimulante viagem para dentro de nós mesmos. O livro trata de forma criativa e profunda do Ter como um dilema de cada um de nós, colocando a questão de forma ampla e rica e argumentando que a famosa frase de Shakespeare Ser ou Não Ser tem tudo a ver também com o ter, especialmente em uma sociedade moderna. O tema é abordado de forma didática, situando o dilema do título em quatro esferas paralelas: física, emocional, intelectual e espiritual. A partir daí, surgem elos com o bem-estar de cada um, ligados à sobrevivência, à plenitude do sentimento, à paz interior e à continuidade (ou de outra forma, à nossa finitude). A argumentação é interessante e por vezes complexa, mas Bonder sempre consegue trazer o leitor a terra falando de sentimentos como a perda, a traição (e a injustiça), o embotamento, a depressão e, é claro, a posse! Para um economista como eu, acostumado a pensar no ser humano de forma estilizada e às vezes até simplista, a leitura de um ensaio como este, que busca iluminação na psicologia, na filosofia, na religião e, sobretudo, na experiência de vida do autor, foi enriquecedora e agradável. Distanciando-se da abordagem tradicional, que trata a busca da posse como uma malignidade espiritual, um obstáculo ao ser, Nilton Bonder resgata sua centralidade existencial. Não é possível ser sem ter, ou melhor, não é possível ser, sem estar-se constantemente submetido à questão: ter ou não ter? Este é um livro capaz
de romper muros de hipocrisia entre os conceitos de ser e
ter, estabelecendo pontes que esboçam uma possível
Economia do Desejo. Uma Economia que relaciona itens e desejo,
revelando valores capazes de permitir a posse. Posse essa composta de
tudo o que, por opção, conseguimos ter, em relação
a tudo que, também por opção, preferimos não
ter. Nilton Bonder, como é próprio de seu pensamento e de sua obra, arroja-se na contramão do senso comum da moral e da espiritualidade, e reafirma o imperativo e o imprescindível da posse. |